Usado: reformar ou vender?

Existe um consenso de que quanto mais novo for o carro, melhor. Com isso em mente – e algum dinheiro no bolso –, uns preferem partir para o 0 km. Outros, para o seminovo, amortizando a desvalorização brutal que o veículo sofre assim que sai da loja. Mas, e quando o automóvel fica com a idade ou a quilometragem avançada, vale a pena consertar ou é melhor vender e tentar comprar um mais novo?
Especialistas consultados por Autoesporte entendem que há uma espécie de “idade limite” para se investir no conserto. “Pode-se dizer que até 100.000 km o veículo está dentro de uma faixa de uso aceitável, em que os reparos serão relativamente duradouros. Acima disso, a incidência de falhas aumenta. Se o automóvel tiver mais de dez anos, a coisa piora. Especialmente porque as borrachas e as vedações começam a ressecar”, afirma o engenheiro mecânico Denis Marum.
O consultor de mercado da Molicar, Vitor Meizikas, reforça essa opinião. “O proprietário deve investir em manutenção até no máximo 100.000 km. Depois o investimento começa a ser muito alto, se aproximando do que seria preciso para comprar um novo”, diz. Para Meizikas, o ideal é manter o automóvel até que ele complete entre 50.000 e 60.000 km. A partir de então, deve-se juntar dinheiro para pegar um mais novo.
"A reforma é uma alternativa. O proprietário deve fazer dois orçamentos, um da aprte mecânica, outro da estética. O valor deve ficar entre 15% e 30% do custo do carro"
O problema é que o mercado não está favorável para os usados. De acordo com a Associação dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado de São Paulo (Assovesp), os veículos negociados entre abril e maio sofreram desvalorização média de 1,41%. A queda dos preços foi deflagrada pela crise econômica do fim do ano passado e pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). “Isso fez a distância para o novo aumentar e muitas pessoas deixaram de tentar vender seus veículos porque entenderam que perderiam dinheiro”, explica Cezar Baptista, proprietário da loja multimarcas Green Car.
Baptista acredita que a reforma seja uma saída, especialmente para quem está com a grana curta. “Não dá para prever como o mercado estará daqui a três ou quatro meses. Mas hoje a reforma é uma alternativa. O proprietário deve fazer dois orçamentos, um da parte mecânica, outro da estética. Se custarem entre 15% e 30% do valor do veículo, os reparos podem ser feitos. Só que o carro tem de ficar totalmente ‘zerado’ para que o consumidor fique com ele por pelo menos mais dois anos”, completa.
Posso pagar quanto?
As opiniões quanto ao custo, porém, são divergentes. Denis Marum acredita que não deve ultrapassar 10% do preço do automóvel. Já o consultor de Autoesporte, o engenheiro mecânico Rubens Venosa, acha difícil estipular um valor, pois o preço de peças novas não está atrelado ao fato de o carro ser ou não usado. “O valor do conserto do câmbio de um BMW 1990, por exemplo, será praticamente o mesmo se o carro for de 2004. Mas um BMW 1990 tem preço estimado em cerca de R$ 20 mil, enquanto a mais nova pode ser encontrada por R$ 100 mil”, diz. Ainda assim, haverá quem prefira o conserto.
Foi o que fez Ítalo Domingues, de 23 anos. Em 2007 ele comprou um Gol 94 por R$ 7,5 mil. Sua intenção, agora, era trocá-lo por um Celta um pouco mais novo que o VW, que já está próximo dos 150.000 km. “Só que avaliaram meu carro em no máximo R$ 5 mil, e eu precisava de pelo menos R$ 7 mil”, explica. Domingues consultou, então, a tabela de preços de usados da Fipe. Lá, seu Gol era avaliado em R$ 8,5 mil. “Como só queriam me pagar R$ 5 mil, minha perda seria de R$ 3,5 mil. Decidi usar o dinheiro para melhorar o carro”, diz.
O analista de sistemas já gastou R$ 700 para trocar as rodas e os pneus, e pretende desembolsar mais um pouco para colocar película escurecida e tirar o aerofólio traseiro do Gol. Além disso, orçou o gasto para retificar o motor, regular o carburador e fazer outros acertos mecânicos: tudo deve custar entre R$ 1,8 mil e R$ 2,3 mil.
Olavo Schmidt Júnior, editor de arte, também tentou reformar seu Corsa Station Wagon 1998, que beirava os 200.000 km. Mas o orçamento das melhorias estéticas e mecânicas chegava a R$ 6 mil. “Era muito caro. Eu não podia gastar isso em uma reforma, mas também não tinha o dinheiro necessário para comprar um novo. Fui atrás de um modelo mais novo do que o meu”, conta. Ele encontrou um Astra 2002, por R$ 22 mil. Mas teve de financiar mais do que esperava: embora seu modelo valesse R$ 16,5 mil pela Fipe, ele só conseguiu que pagassem R$ 10,5 mil. “Estou feliz com a escolha, embora o carro novo consuma um pouco mais.”
A opção pela troca por um modelo mais novo sempre será vantajosa, segundo Meizikas. Mesmo que haja algum aparente prejuízo. “O carro que será adquirido pode até ser inferior ou menos equipado, mas se estiver em melhor estado, ou for um 0 km, não dará despesas para o dono ao longo de mais tempo”, afirma o consultor. Além disso, ele acredita que nessa condição seja mais fácil um futuro “upgrade”.
Outro ponto que Meizikas levanta é o fato de o consumidor estar “mal-acostumado” a tratar o seu automóvel como um investimento. “O carro é um bem de consumo, que perde valor ao longo do tempo. Acredito que os veículos novos chegaram a um patamar de preço limite. Em 2012, eles não estarão muito mais caros do que agora. Mas o usado vai valer menos e menos, até não valer nada”, prevê.
Vicente Toledo e sua namorada conhecem bem essa desvalorização. Donos de um Ka 98/99, eles se cansaram de mandar o carro para o conserto. Durante praticamente um ano, gastaram entre R$ 300 e R$ 400 todos os meses, porque o hatch vivia quebrando. “Aí, decidimos trocar. Vimos que era melhor gastar o valor nas parcelas de um carro mais novo”, conta Toledo. O problema é que a decisão foi tomada há oito meses, e desde então eles não conseguem vender o Ka. “Já baixamos o preço em cerca de R$ 3 mil, para R$ 9.980. Mas ainda não encontramos um comprador”.
Fonte: Auto Esporte
Especialistas consultados por Autoesporte entendem que há uma espécie de “idade limite” para se investir no conserto. “Pode-se dizer que até 100.000 km o veículo está dentro de uma faixa de uso aceitável, em que os reparos serão relativamente duradouros. Acima disso, a incidência de falhas aumenta. Se o automóvel tiver mais de dez anos, a coisa piora. Especialmente porque as borrachas e as vedações começam a ressecar”, afirma o engenheiro mecânico Denis Marum.
O consultor de mercado da Molicar, Vitor Meizikas, reforça essa opinião. “O proprietário deve investir em manutenção até no máximo 100.000 km. Depois o investimento começa a ser muito alto, se aproximando do que seria preciso para comprar um novo”, diz. Para Meizikas, o ideal é manter o automóvel até que ele complete entre 50.000 e 60.000 km. A partir de então, deve-se juntar dinheiro para pegar um mais novo.
"A reforma é uma alternativa. O proprietário deve fazer dois orçamentos, um da aprte mecânica, outro da estética. O valor deve ficar entre 15% e 30% do custo do carro"
O problema é que o mercado não está favorável para os usados. De acordo com a Associação dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado de São Paulo (Assovesp), os veículos negociados entre abril e maio sofreram desvalorização média de 1,41%. A queda dos preços foi deflagrada pela crise econômica do fim do ano passado e pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). “Isso fez a distância para o novo aumentar e muitas pessoas deixaram de tentar vender seus veículos porque entenderam que perderiam dinheiro”, explica Cezar Baptista, proprietário da loja multimarcas Green Car.
Baptista acredita que a reforma seja uma saída, especialmente para quem está com a grana curta. “Não dá para prever como o mercado estará daqui a três ou quatro meses. Mas hoje a reforma é uma alternativa. O proprietário deve fazer dois orçamentos, um da parte mecânica, outro da estética. Se custarem entre 15% e 30% do valor do veículo, os reparos podem ser feitos. Só que o carro tem de ficar totalmente ‘zerado’ para que o consumidor fique com ele por pelo menos mais dois anos”, completa.
Posso pagar quanto?
As opiniões quanto ao custo, porém, são divergentes. Denis Marum acredita que não deve ultrapassar 10% do preço do automóvel. Já o consultor de Autoesporte, o engenheiro mecânico Rubens Venosa, acha difícil estipular um valor, pois o preço de peças novas não está atrelado ao fato de o carro ser ou não usado. “O valor do conserto do câmbio de um BMW 1990, por exemplo, será praticamente o mesmo se o carro for de 2004. Mas um BMW 1990 tem preço estimado em cerca de R$ 20 mil, enquanto a mais nova pode ser encontrada por R$ 100 mil”, diz. Ainda assim, haverá quem prefira o conserto.
Foi o que fez Ítalo Domingues, de 23 anos. Em 2007 ele comprou um Gol 94 por R$ 7,5 mil. Sua intenção, agora, era trocá-lo por um Celta um pouco mais novo que o VW, que já está próximo dos 150.000 km. “Só que avaliaram meu carro em no máximo R$ 5 mil, e eu precisava de pelo menos R$ 7 mil”, explica. Domingues consultou, então, a tabela de preços de usados da Fipe. Lá, seu Gol era avaliado em R$ 8,5 mil. “Como só queriam me pagar R$ 5 mil, minha perda seria de R$ 3,5 mil. Decidi usar o dinheiro para melhorar o carro”, diz.
O analista de sistemas já gastou R$ 700 para trocar as rodas e os pneus, e pretende desembolsar mais um pouco para colocar película escurecida e tirar o aerofólio traseiro do Gol. Além disso, orçou o gasto para retificar o motor, regular o carburador e fazer outros acertos mecânicos: tudo deve custar entre R$ 1,8 mil e R$ 2,3 mil.
Olavo Schmidt Júnior, editor de arte, também tentou reformar seu Corsa Station Wagon 1998, que beirava os 200.000 km. Mas o orçamento das melhorias estéticas e mecânicas chegava a R$ 6 mil. “Era muito caro. Eu não podia gastar isso em uma reforma, mas também não tinha o dinheiro necessário para comprar um novo. Fui atrás de um modelo mais novo do que o meu”, conta. Ele encontrou um Astra 2002, por R$ 22 mil. Mas teve de financiar mais do que esperava: embora seu modelo valesse R$ 16,5 mil pela Fipe, ele só conseguiu que pagassem R$ 10,5 mil. “Estou feliz com a escolha, embora o carro novo consuma um pouco mais.”
A opção pela troca por um modelo mais novo sempre será vantajosa, segundo Meizikas. Mesmo que haja algum aparente prejuízo. “O carro que será adquirido pode até ser inferior ou menos equipado, mas se estiver em melhor estado, ou for um 0 km, não dará despesas para o dono ao longo de mais tempo”, afirma o consultor. Além disso, ele acredita que nessa condição seja mais fácil um futuro “upgrade”.
Outro ponto que Meizikas levanta é o fato de o consumidor estar “mal-acostumado” a tratar o seu automóvel como um investimento. “O carro é um bem de consumo, que perde valor ao longo do tempo. Acredito que os veículos novos chegaram a um patamar de preço limite. Em 2012, eles não estarão muito mais caros do que agora. Mas o usado vai valer menos e menos, até não valer nada”, prevê.
Vicente Toledo e sua namorada conhecem bem essa desvalorização. Donos de um Ka 98/99, eles se cansaram de mandar o carro para o conserto. Durante praticamente um ano, gastaram entre R$ 300 e R$ 400 todos os meses, porque o hatch vivia quebrando. “Aí, decidimos trocar. Vimos que era melhor gastar o valor nas parcelas de um carro mais novo”, conta Toledo. O problema é que a decisão foi tomada há oito meses, e desde então eles não conseguem vender o Ka. “Já baixamos o preço em cerca de R$ 3 mil, para R$ 9.980. Mas ainda não encontramos um comprador”.
Fonte: Auto Esporte