Boletins de fábrica mostram como consertar problemas

Com um pouco de paciência... encontrei a matéria!
Boletins de fábrica mostram como consertar problemas crônicos nos veículos
Recall branco
Publicada em 10/09/2009 às 23h38m
Eduardo Sodré
RIO - O carro novinho não pega pela manhã? O motor não responde a contento? Um barulho apareceu sem motivo aparente? Você pode não imaginar o que está acontecendo, mas é muito provável que o fabricante já saiba o que se passa e tenha achado uma solução para o defeito. É cada vez mais comum na indústria a emissão de boletins com instruções de procedimento, enviados a oficinas ou proprietários.
São vários os nomes: "ações de oficina", "campanhas de serviço", "operações de campo", "orientações de serviço para revisão", "boletins de informação técnica" etc. O objetivo sempre é corrigir um problema detectado após o lançamento do produto ou em um determinado lote.
Confira alguns problemas que chegaram ao papel
Esse tipo de ação foi apelidado de "recall branco" e só vale se o problema não envolver segurança. Caso seja comprovado que o defeito pode levar a acidentes, é obrigatória a realização de um chamado oficial: aí, além das cartas, o fabricante terá de veicular anúncios pagos em jornais, rádios e TVs - e o custo será muito maior.
Cabe ao Ministério Público federal, por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), decidir se há ou não a necessidade de um recall para valer. Todos os comunicados e boletins feitos por fabricantes de automóveis devem ser enviados para o órgão.
O DPDC emite um parecer técnico e, caso constate que o problema traz perigos, ordena a imediata ação de recall ou pode instaurar um processo contra o fabricante. Foi o que aconteceu com o caso do sistema de rebatimento do banco traseiro do Fox. No fim, a Volkswagen convocou os proprietários para corrigir o problema.
Há dois tipos de comunicado dos fabricantes: um deles é feito diretamente aos clientes, por carta. Exemplo disso foi o realizado pela Peugeot para resolver um problema no conector do limpador de para-brisa do 206, que afetou cerca de 7 mil automóveis. Os proprietários deveriam comparecer às concessionárias para fazer o reparo gratuito. Até o fim de 2008, aproximadamente 50% dos convocados atenderam ao chamado.
Um outro tipo de comunicado é o enviado pelo fabricante diretamente para as oficinas, padronizando serviços e dando orientações para resolver defeitos recorrentes que podem ser de fábrica ou não (caso de gasolina batizada, por exemplo). Estes boletins também devem ser enviados para o DPDC. Não há irregularidade nesta prática, que visa a facilitar o trabalho dos mecânicos. Porém algumas oficinas se aproveitam do problema para cobrar mais pelos serviços.
- Os boletins funcionam como uma receita de bolo, dão o passo a passo para resolver um defeito, geralmente ligado à eletrônica. Como o cliente não tem acesso a essas informações, um mecânico ou a própria concessionária pode cobrar por serviços não necessários ou exagerar no valor da mão-de-obra para lucrar mais - diz um dono de oficina que não quis se identificar.
Problemas e soluções descobertos por mecânicos
Há diversas origens para os boletins. Muitas soluções são descobertas pelos próprios mecânicos e repassadas aos fabricantes de peças, que elaboram o texto e o repassam para a rede de assistência. O material traz o sintoma, a causa do problema e a solução. São atos tão comuns que já se transformaram em publicações voltadas para as oficinas, listando os defeitos e procedimentos para o reparo.
Outras ações resultam dos problemas frequentes relatados pelos clientes nas oficinas. Foi o que a Fiat fez ao descobrir que um lote do Punto (cerca de 3 mil carros) apresentou um problema no trambulador. O problema foi causado por falha de montagem, e a solução foi substituir a bucha de fixação do terminal do cabo que seleciona as marchas.
Por se tratar de um defeito de fábrica, o reparo foi feito gratuitamente. Caso fosse cobrado, custaria R$ 500. Contudo, no site do Clube do Punto, há relatos de proprietários que chegaram a fazer orçamentos para o reparo na rede autorizada. Só depois, o representante da concessionária dizia que "tinha conseguido uma cortesia do fabricante", dando uma valorizada em um serviço gratuito.
Os comunicados também alimentam brigas entre concorrentes. A Bosch informou a suas oficinas que velas usadas pela Chevrolet em modelos flex - da marca AC Delco - seriam afetadas pelo álcool e acabariam danificando a rosca do cabeçote. Foi o que aconteceu com o Astra 2009 de Clóvis Antônio Pereira:
- Descobri o problema na primeira troca de velas e agora terei de retificar o cabeçote.
Consultamos mecânicos da rede Chevrolet, mas nenhum confirmou o problema.
Há casos onde o problema sempre volta a aparecer em curtos espaços de tempo ou quilometragem, mesmo que o consumidor siga as recomendações de uso. Para se proteger, o cliente deve guardar todas as notas fiscais dos serviços. Isso facilitará a comprovação de que existe um defeito que nunca foi devidamente consertado.
Pelo artigo 20 do Código de Defesa do Consumidor, a oficina tem um mês para resolver o problema quando o veículo estiver no prazo de garantia. Não cumprido este prazo, o cliente pode pedir a troca do veículo. Como é raro um fabricante aceitar isso, o jeito é guardar as notas e entrar na Justiça pedindo um aumento do prazo de garantia até que o defeito seja definitivamente resolvido.
Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/carroe ... 558191.asp
Boletins de fábrica mostram como consertar problemas crônicos nos veículos
Recall branco
Publicada em 10/09/2009 às 23h38m
Eduardo Sodré
RIO - O carro novinho não pega pela manhã? O motor não responde a contento? Um barulho apareceu sem motivo aparente? Você pode não imaginar o que está acontecendo, mas é muito provável que o fabricante já saiba o que se passa e tenha achado uma solução para o defeito. É cada vez mais comum na indústria a emissão de boletins com instruções de procedimento, enviados a oficinas ou proprietários.
São vários os nomes: "ações de oficina", "campanhas de serviço", "operações de campo", "orientações de serviço para revisão", "boletins de informação técnica" etc. O objetivo sempre é corrigir um problema detectado após o lançamento do produto ou em um determinado lote.
Confira alguns problemas que chegaram ao papel
Esse tipo de ação foi apelidado de "recall branco" e só vale se o problema não envolver segurança. Caso seja comprovado que o defeito pode levar a acidentes, é obrigatória a realização de um chamado oficial: aí, além das cartas, o fabricante terá de veicular anúncios pagos em jornais, rádios e TVs - e o custo será muito maior.
Cabe ao Ministério Público federal, por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), decidir se há ou não a necessidade de um recall para valer. Todos os comunicados e boletins feitos por fabricantes de automóveis devem ser enviados para o órgão.
O DPDC emite um parecer técnico e, caso constate que o problema traz perigos, ordena a imediata ação de recall ou pode instaurar um processo contra o fabricante. Foi o que aconteceu com o caso do sistema de rebatimento do banco traseiro do Fox. No fim, a Volkswagen convocou os proprietários para corrigir o problema.
Há dois tipos de comunicado dos fabricantes: um deles é feito diretamente aos clientes, por carta. Exemplo disso foi o realizado pela Peugeot para resolver um problema no conector do limpador de para-brisa do 206, que afetou cerca de 7 mil automóveis. Os proprietários deveriam comparecer às concessionárias para fazer o reparo gratuito. Até o fim de 2008, aproximadamente 50% dos convocados atenderam ao chamado.
Um outro tipo de comunicado é o enviado pelo fabricante diretamente para as oficinas, padronizando serviços e dando orientações para resolver defeitos recorrentes que podem ser de fábrica ou não (caso de gasolina batizada, por exemplo). Estes boletins também devem ser enviados para o DPDC. Não há irregularidade nesta prática, que visa a facilitar o trabalho dos mecânicos. Porém algumas oficinas se aproveitam do problema para cobrar mais pelos serviços.
- Os boletins funcionam como uma receita de bolo, dão o passo a passo para resolver um defeito, geralmente ligado à eletrônica. Como o cliente não tem acesso a essas informações, um mecânico ou a própria concessionária pode cobrar por serviços não necessários ou exagerar no valor da mão-de-obra para lucrar mais - diz um dono de oficina que não quis se identificar.
Problemas e soluções descobertos por mecânicos
Há diversas origens para os boletins. Muitas soluções são descobertas pelos próprios mecânicos e repassadas aos fabricantes de peças, que elaboram o texto e o repassam para a rede de assistência. O material traz o sintoma, a causa do problema e a solução. São atos tão comuns que já se transformaram em publicações voltadas para as oficinas, listando os defeitos e procedimentos para o reparo.
Outras ações resultam dos problemas frequentes relatados pelos clientes nas oficinas. Foi o que a Fiat fez ao descobrir que um lote do Punto (cerca de 3 mil carros) apresentou um problema no trambulador. O problema foi causado por falha de montagem, e a solução foi substituir a bucha de fixação do terminal do cabo que seleciona as marchas.
Por se tratar de um defeito de fábrica, o reparo foi feito gratuitamente. Caso fosse cobrado, custaria R$ 500. Contudo, no site do Clube do Punto, há relatos de proprietários que chegaram a fazer orçamentos para o reparo na rede autorizada. Só depois, o representante da concessionária dizia que "tinha conseguido uma cortesia do fabricante", dando uma valorizada em um serviço gratuito.
Os comunicados também alimentam brigas entre concorrentes. A Bosch informou a suas oficinas que velas usadas pela Chevrolet em modelos flex - da marca AC Delco - seriam afetadas pelo álcool e acabariam danificando a rosca do cabeçote. Foi o que aconteceu com o Astra 2009 de Clóvis Antônio Pereira:
- Descobri o problema na primeira troca de velas e agora terei de retificar o cabeçote.
Consultamos mecânicos da rede Chevrolet, mas nenhum confirmou o problema.
Há casos onde o problema sempre volta a aparecer em curtos espaços de tempo ou quilometragem, mesmo que o consumidor siga as recomendações de uso. Para se proteger, o cliente deve guardar todas as notas fiscais dos serviços. Isso facilitará a comprovação de que existe um defeito que nunca foi devidamente consertado.
Pelo artigo 20 do Código de Defesa do Consumidor, a oficina tem um mês para resolver o problema quando o veículo estiver no prazo de garantia. Não cumprido este prazo, o cliente pode pedir a troca do veículo. Como é raro um fabricante aceitar isso, o jeito é guardar as notas e entrar na Justiça pedindo um aumento do prazo de garantia até que o defeito seja definitivamente resolvido.
Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/carroe ... 558191.asp